Nery Porto Fabres
Voltamos à era das tramoias e conluios partidários
Nery Porto Fabres
Professor
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Cheguei à conclusão de que as ideias que se quer que funcionem dependem de um sistema político. Porque tudo passa por avaliações de instituições que estão vinculadas aos partidos políticos. Nada está de pontas soltas. Seja uma ideia simples ou complexa, ela será avaliada, valorada, inspecionada por algum agente público e não há como fugir disso. E os agentes públicos são filiados a algum partido político, logo, lutam por causas de seus interesses.
Aí é que se deve ter os olhos escancarados, os integrantes de quaisquer siglas partidárias não tratam da coisa pública como coisa pública, tratam como se fosse o meio para se chegar a um fim. Esse fim é a razão dos interesses por ideias que fortaleçam o poder das bandeiras que carregam. Então, esse papo furado de que o servidor público é um servidor do povo (público) é a maior bobagem que contam por aí.
A administração pública é uma rótula, dessas que se vê nas estradas, onde o motorista anda em círculo para acessar um via e por ela seguir o seu caminho. Essa rótula da administração pública exige que todos acessem ela para seguir o caminho dos interesses partidários. Não há outra direção a seguir. Ou se pega o sentido dos interesses ou se fica na rótula em círculo por muito tempo até se dobrar à vontade dos partidos que governam o País.
Basta pensar que a Justiça que abre inquéritos num determinado governo é a mesma que não apura coisa alguma noutro. Ou ainda se pode afirmar que a Justiça que dá sentença de 27 anos de cana num governo alcança a absolvição noutra gestão partidária sem nenhum constrangimento.
Tem tanta ideia tosca dentro das cabeças dos partidos políticos que faz presidiários absolvidos, delegados presos, juízes à beira de um baita processo criminal… É, os interesses mudam as ideias conforme a sigla partidária. E esse papo de bocó de ir para as ruas de bandeira na mão já não cola mais… Todos esses movimentos são produzidos em diretórios partidários.
Imagina uma ideia boa sem o aval de um político. Imaginou? Pois é! Ela não chegaria a lugar algum. A ideia, por melhor que seja, deixa de ser de seu criador e irá parar na agenda de um partido, levada à apreciação e direcionada ao interesse comum da bancada e chegará a um projeto de lei com a assinatura do deputado do partido, o criador da ideia nem sequer saberá como será levada adiante.
Portanto, não são as ideias que são boas ou ruins, são os partidos políticos que se organizam para fazer delas o seu sustento. Com o controle, podem se dar ao luxo de assumirem o poder da Nação e viverem eternamente por meio de tramoias e conluios.
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